quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O Conto do lago sem patos


Esta é a história de três coisas:
Um garoto com pernas rápidas;
Um lago de águas turvas;
E uma centena de patos de várias cores e tamanhos.
Naquela manhã em particular na pequena cidade do Leste as pessoas não se importaram com a velocidade das pernas do garoto. Ele corria pelas ruas da cidade, os tênis batendo periodicamente no asfalto. Corria em direção ao parque como fazia todos os dias, sem exceção.
O garoto engoliu uma lufada de ar e sorriu satisfeito. O que ele mais gostava ao correr era sentir o vento forte. O seu maior sonho era que um dia este vento o levasse dali.
Quando pequenino sua tia o fizera crer que ele tinha o poder de chamar o vento. Os dois subiam nas colinas e sopravam, chamando o todo poderoso vento. E ele vinha! Poderoso ao extremo. Um dia a tia não conseguiu conter o vento e ele a levou para longe. Foi neste mesmo dia que o garoto ficou temeroso de não voltar a vê-la e iniciou sua longa jornada em direção ao controle intenso do vento; em direção ao desejo de ser arrastado por ele também.
Por isso gostava de correr. E quanto mais veloz, mais perto do seu objetivo ele pensava estar. O problema era que o menino crescia muito rápido. E quando se cresce os sonhos vão perdendo forma. O garoto sabia naquele momento, por exemplo, que era tolice acreditar que conseguiria voar. Pelo menos metaforicamente ele voaria, com velocidade!
- Lá vai o menino que quer voar! – gritou uma garotinha da mercearia da esquina.
A avó dela apenas sorriu e acenou para o garoto. Ele ficara conhecido daquela maneira porque tivera a mania de gritar a quem quer que fosse o que desejava.
Atingiu o parque a uma velocidade considerável, o suor a pingar dos cabelos asa-de-corvo escorridos. A camiseta colada ao peito que subia e descia descompassado.
Quatro voltas ao imenso lago eram o bastante. O céu estava tão lindo! Observava enquanto corria. As nuvens poucas eram cinzentas e o restante só azul... Imenso! Dava mais vontade ao garoto para voar.
Foi na segunda volta que aconteceu. O garoto corria a olhar para o céu, sem se dar conta da centena de patos a sua frente. Todos os patos olhavam para ele sem entender que seriam atropelados. E o garoto a chegar perto...
As patas iniciaram uma azáfama ao perceber o que aconteceria e os patos abriram as asas para protegê-las.
Foi tudo bem rápido. O garoto sentiu as pernas roçarem em penas de patos. Sentiu ainda bicadas nas nádegas. A dor não foi o bastante para que ele parasse. Abriu os braços e correu mais!
As pessoas pararam para ver aquela cena belíssima – o garoto com os braços abertos a correr da centena de patos com asas abertas. Correram naquele cortejo até que os patos o atingiram e juntos ergueram vôo.
Voaram longe, sumiram de vista. E a cidade ficou sem os patos e o garoto. Mas ele conseguiu o que queria, avistou ao longe a sua tia; sentada a comer um pedaço de nuvem.
L.J. Becker

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Um brinde ao capitalismo


Um brinde ao Capitalismo
De repente você percebe que o mundo é capitalista. De repente você se assusta porque entende que você mesmo é capitalista. Também percebe que as coisas e as pessoas são movidas por notas verdes e azuis (e para quem nunca viu uma nota de cem, ela é azul). Percebe que existem piadas em relação ao dinheiro (como esta da cor da nota de cem).
E então há uma percepção que fere; suas decisões serão todas tomadas em função destas “azuis”. Vai escolher esta em detrimento daquela pela condição de que esta dá mais dinheiro do que aquela, e se escolher a que dá menos passará anos se remoendo; imaginando o quão próspera poderia ser sua vida.
Enfim, você teve que deixar o teatro em prol de uma carreira brilhante. Mas, o teatro não deixou você. Um dia as coisas não estarão neste pé de guerra e você vai voltar a brilhar nos palcos, não numa carreira.

L. J. Becker

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Triste percepção da surrealidade

Eu não fazia a menor idéia do tipo de problema no qual estava me envolvendo.
Para começar, o lugar cheirava a mofo. Havia poças de água da chuva do dia anterior nos buracos do chão de concreto envelhecido. A lâmpada não auxiliava na iluminação, mas as aranhas insistiam em aparecer. Para não falar da bagunça! Uma pilha instável de panelas velhas, engradados de garrafas vazias e outras coisas inúteis.
Era um deposito sujo e mal organizado. Mas eu estava ali para pensar em como torná-lo habitável aos mantimentos. Outros pensamentos viriam à tona. Ria-me de mim mesmo ao acreditar que conseguiria limpar aquilo. Então divaguei por uns momentos. Imaginei-me traçando uma reta com caneta de nanquim num suave papel cartão.
“papel cartão não é suave, meu caro!”, eu digo para eu mesmo.
“Eu sei, mas isso é apenas uma divagação”
Revirei uma panela e fiquei surpreso com um pequeno conjunto de castiçais. Não era para menos que o lugar tinha 124 anos! Dei nova gargalhada. Fui acompanhado de outra risada vinda do deposito ao lado. Tratava-se de um lugar idêntico aquele em que eu estava, com uma lâmpada fosca, mas vazio. Eu espiei para lá e, qual não foi meu espanto. Estava você! Seus olhos eram bastante vermelhos, sombrios.
“Assustadores?”
Dei um pulo para trás a menção da sua voz.
“Não se assuste. Apenas abra a grade para que eu saia.”
Era apenas um pedido. Refleti por um momento sobre a prudência de abrir a grade para você vir para o meu lado do deposito. Afinal, eu não sabia QUEM era você. Ou O QUE era você... E você, o que faria?
Eu abri a grade, mas não houve final algum. Apenas panelas sujas e engradados de garrafas vazias. Ah! Lembro-me de ter pisado com força numa poça e de ter molhado minhas calças.

domingo, 24 de agosto de 2008

De tanto que me falam


De tanto que me falam...
De repente eu vi que eu era daquele jeito mesmo. Simplesmente adorável.
Ruim é ser adorável e nada mais. Nenhuma serventia mais. Apenas servir. Porque ser adorável significa ter medo de dizer NÃO. Ser adorável é cumprimentar estranhos com um grande sorriso. É juntar os cacos de copos quebrados sem xingar ou lamentar, perguntando “você não se cortou, não é?”. Ser adorável é esconder a insatisfação com palavras doces e abrir os braços confortavelmente.
Simplesmente adorável. Simples de mais, fácil de mais. Mas, só isso. Quem dera dar uma gargalhada de desdém, mas isso seria fugir a regra dos adoráveis. Seria receber olhares incrédulos. Seria perder a simplicidade da coisa, aquela que de tão inútil chega a ser sua única arma de defesa. Chega a ser útil.
E esconder-se atrás de um adorável avental é bem melhor do que nada. Só sei que quero dançar no fim do amor. Alguém adorável caberia bem numa pista de dança esquecida. Céus! Ninguém nunca lustra a pista de dança. Ninguém nunca pisa na pista de dança. Ninguém sapateia. Ninguém desliza... Acho que a pista de dança também é adorável.
Guarda-corpo – avental... Preto – limpo... Falta apenas a cor!
Também.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Life for Rent


"I haven't ever really found a place that I call homeI never stick around quite long enough to make itI apologize that once again I'm not in loveBut it's not as if I mind that your heart aint exactly breakingIt's just a thought, only a thoughtAnd if my life is for rent and I don't learn to buyWell I deserve nothing more than I getCos nothing I have is turly mineI've always thought that I would love to live by the seaTo travel the world alone and live more simplyI havent no idea what's happened to that dreamCos there's really nothing left hare to stop meIt's just a thought, only a thoughtAnd if my life is for rent and I don't learn to buyWell I deserve nothing more than I getCos nothing I have is turly mineWhile my hart is a shiel and I won't let it downWhile I am so afraid to fail so I won't ever tryWell how can I say I'm aliveIf my life is for rent and I don't learn to buyWell I deserve nothing more than I getCos nothing I have is turly mineIf my life is for rent and I don't learn to buyWell I deserve nothing more than I get Cause nothing I have is turly mine."

Life for Rent, Dido

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Comparacao infeliz


De repente fizeram esta comparação: Padre Amaro (na pele de Gael Garcia Bernal) e Padre Firmino (na pele de Lucas Becker).
Não soube exatamente como exprimir o meu sentimento confuso naquele momento (no momento em que fizeram tal comparação). Acho que fiquei orgulhoso por ser comparado a um ator por quem eu nutro uma admiração plena. (risos) Mas, infelizmente tenho que discordar.
O Padre Amaro e o Padre Firmino habitam dois mundos diferentes. O P. Amaro habita um crime e o P. Firmino sofre um crime. (sim, oscilando entre o perdão e o pecado) Mas, ambos são astutos, sim. Embora com astúcias que enveredam a resultados opostos. Em “O crime do Padre Amaro”, o P. Amaro usa da astúcia política para fugir de problemas pessoais, entre quebra do decoro religioso. Ele amava, claro. Em “O Planejamento Familiar” o P. Firmino demonstra esta astúcia com suas tramas compostas apenas para atingir um fim explicativo e benéfico aos seus “filhos” desesperados (estes que o querem ver morto, ou louco). Não sabemos ao certo se o P. Firmino amava.
Resumindo, Padre Firmino e Padre Amaro vestem batinas iguais, têm cabelos iguais, mas seus dramas e tragédias pessoais são bastante opostos.
Comparação infeliz? Não creio que seja uma. É apenas mais uma demonstração de como a arte é igual e diferente.



In Tudo Baralhado,


L.J. Becker

segunda-feira, 7 de julho de 2008

De como esta facil

Nesta manha eu me vi num estado laconico de imersao em meus pensamentos. Aconteceu no decorrer de um momento ludico com minha irmazinha de um ano e seis meses. Enquanto ela brincava de me entregar seus brinquedos para que eu, insistentemente, exprimisse uma admiracao convincente.
Bem, aconteceu que ela apanhou do chao um carrinho com quatro rodas grandes e amarelas e comecou a empurra-lo em minha direcao. Rapidamente percebi o jogo e empurrei o carrinho para ela. Ficamos neste empurra empurra por breves minutos. Foi quando ela comecou a examinar as rodas enormes e amarelas. Fazia-as rodarem e tocava a sua forma.
Percebi que ela descobrira a roda! Sim, assim como o homem descobriu a roda ha tantos seculos!
Eu perguntei para o bebe: "sabia que ha muitos anos atras o homem desconhecia a roda? Essa coisa amarela que te fascina?" Ela se limitou a me olhar com seus grandes olhos brilhantes, largou o objeto e saiu.
Eu ri daquilo, estava conversando com um bebe. Vejam soh. Entao eu completei ainda: "Voce tem tudo pronto, irmazinha. Nasceu com tudo feito para voce. A roda, o fogao, o carro, o aviao, o celular, a internet, o DVD... Nao vai se preocupar com nada."
Serah mesmo? Serah que estamos saturados?
in tudo baralhado
L. J. Becker

quarta-feira, 25 de junho de 2008

I`m like a bird



Eu sou como um passaro. Para mim nao ha como viver sem liberdade, no entanto a prisao parece permanente.

Nao sei onde mora a minha alma. e tambem nem sei onde fica a minha casa. Corro por ai, a espreita de respostas.


E voce, meu leitor? Eh lindo de mais para mostrar. E amavel em demasia para mostrar.

Entao voe e seja mais do que isso.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

No Onibus falante



Era, tanto quanto se podia dizer daquela situação, bastante embaraçosa. De pé, espremida entre dois casais, estava a Excessiva. Ela não sabia explicar se o embaraçoso era ter dois rapazes colados nela, ou se era mais embaraçoso ter de ouvir o ruído grudento dos beijos que eles davam nas suas garotas.

"Oh, céus! O que eu fiz para merecer isso?", pensou a Excessiva, presa por aqueles corpos quentes, embora o ónibus seguisse o caminho espalhafatoso. A Excessiva tentou se desvencilhar daqueles dois casais, mas estava prensada, completamente presa e segura. "Que embaraçoso."

A voz mecânica do ónibus avisou que a próxima parada seria a estacao Maria Clara e a Excessiva cruzou os dedos na esperanca de que pelo menos um dos casais descesse ali. E enquanto o ónibus não parava, os casais continuavam a se engolir. A Excessiva percebeu que uma senhora sorria para ela e tentou devolver aquele gesto singelo. So o que conseguiu foi levantar as sobrancelhas.

O ónibus parou, dizendo que as portas estavam abertas. Trinta segundos se passaram e ninguém desceu para a estacao. A Excessiva sentiu o corpo retesar-se todo. Na era possível. O ónibus avisou que as portas fechariam e prosseguiu o caminho.

A excessiva suspirou, quase sufocada. O ar ali naquele veiculo estava irrespirável. Cheirava a vários casais de adolescentes a transpirar hormonios. Cheirava a paixão queimada e amor diluído com tesão. Sim, porque era dia dos namorados e todos aqueles casais apareciam sabe-se la de onde para importunar pessoas como a Excessiva.

O ónibus avisou que a próxima parada seria a estacao Boa Vista. Mas, a Excessiva já estava se esperancas. Os casais permaneceriam grudados nela ate que ela descesse na sua própria estacao. Foi então que ela teve uma ideia. Deu uma cotovelada no rapaz da direita e esperou a reacao. Nada. Deu outra e recebeu apenas um murmúrio incomodado. Desistiu deste plano também. Decidiu então chatear o casal da esquerda. Pensou no que mais deixaria aqueles dois irritados e lançou um "aha" sufocado ao encontrar uma resposta óbvia. Foi simples assim: a Excessiva prendeu a bolsa nos ombros e deu uma meia-volta, de modo a ficar com a barriga encostada nas costas do rapaz da esquerda. Envolveu-o com os próprios braços e encostou a boca na nuca dele. Iniciou entao uma serie de ruídos que imitavam os beijos dos dois casais, entre murmúrios e gritinhos.

De repente levou o susto. A garota beijada pelo rapaz da esquerda empurrara os dois, o que fizera com que a Excessiva caísse por cima do casal da direita. "Céus", ela pensou a olhar para a garota furiosa a sua frente, "agora ela vai me matar".

Mas a garota não fez nada de mais, começou a gargalhar alto. E depois o rapaz que a acompanhava começou a gargalhar. E logo todos gargalhavam por causa daquela situação. Menos a Excessiva. Não! Esta se levantou muito irritada, limpou as calcas e ficou de pé, se equilibrando no onibus em movimento.

- Parem de rir! - ela gritou - Eu não aguento mais este clima de dia dos namorados!

Todos cessaram os risos imediatamente e um semblante serio invadiu a face da cada um. A Excessiva entendeu o que se passava na mente daquelas pessoas todas. Elas tinham pena dela. Todas aquelas pessoas tinham pena dela.

O ónibus avisou que as portas estavam abertas e a Excessiva nem se importou com qual estacao era aquela e saiu imediatamente daquele veiculo falante. Ouviu ainda o ónibus avisar que as portas iam fechar quando pisou a plataforma e depois ouviu as pessoas gritarem para que ela deixasse de ser mal-amada e solitária. Ouviu ainda alguém gritar, inclusive, que ela era lésbica frígida.

A Excessiva respirou com mais forca. O cobrador daquela estacao fitava a Excessiva com uma confusão no rosto, temendo que ela desabasse em choro pelo tratamento recebido no onibus. Mas ela nao chorou, ficou parada a olhar para o cobrador.

De súbito aquela raiva abandonara por completo a Excessiva e ela começava a entender que odiara sentir o calor daqueles tantos casais porque era de fato uma solitária mal-amada. Experimentou sorrir e o riso logo invadiu a estacao. Cumprimentou o cobrador:

- Feliz dia dos namorados!

in Tudo baralhado

L. J. Becker

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Jardim das Bromelias

O JARDIM DAS BROMELIAS
Vestia-se como convinha vestir-se a uma ocasião como aquela: a saia muito justa e curta com a cor da tristeza, o blusão a contrastar com o seu laranja vivo e contente, e o casaco de couro a dizer tudo com o seu luto; Na face, a maquiagem mais bonita; nos pés, os elegantes sapatos altos; E no cabelo, apenas o penteado curto, esteticamente agradável.
Balançou as ancas de leve, cuidando para chamar a atenção ao atravessar a rua. Entrou numa floricultura na esquina e o sorriso da florista rapidamente deixou de existir. Como era belo aquele ar de dúvida ao centro de tantas cores e verdes. Como as cores lhe agradavam!
‘Deixa-me adivinhar, um ramalhete de bromélias. ’
A garota de salto alto apenas sacudiu os cabelos. Até entendia a surpresa da florista, embrulhando o ramalhete num papel verde-musgo e aprumando um laço negro e brilhante. Já haviam sido nove papéis verde-musgo, nove fitas negras e brilhantes e no total, nove ramalhetes.
A garota de salto alto ficou satisfeita com as suas bromélias. Suas ancas voltaram a oscilar, enquanto a garota ia até o ponto de taxi, segurando firme o seu décimo ramalhete de bromélias.
Não demorou muito a chegar ao restaurante, o de sempre. Nem demorou muito a ser atendida pelo garoto da chapelaria, que pela décima vez pegou o seu casaco, dando em troca uma ficha.
‘Sem perguntas hoje, não é?’
Era mais uma afirmação do que uma pergunta em si e o garoto da chapelaria não ousou responder; temendo talvez não entender, como das outras vezes.
A garota de salto alto sorriu e andou até a mesa próxima ao aquário. Já havia alguém ali, levantou-se imediatamente ao vê-la, com os braços abertos e um sorriso escancarado. Ele usava um colete de lã por cima de uma camisa social de manga. Beijaram-se, os corpos separados pelas bromélias, e sentaram-se.
‘Flores’
‘Nunca recebeu flores antes, não é?’
De qualquer modo, a face dele corou, mas ele aceitou as bromélias. Sentiu o aroma de suas folhas e pétalas e reservou-as a um canto da mesa. Um garçom encheu as taças com vinho tinto.
‘O que significam essas flores?’
Ela molhou os lábios com a bebida, os olhos brilharam de prazer.
‘Significam: espero que penses bem de mim. ’
O homem de colete de lã abriu a boca para falar, respirou fundo e voltou a fechá-la, indeciso. Por fim, escolheu beber o vinho também. Ficaram os dois a fitarem-se com as taças a boca.
‘E por que eu não pensaria bem de você?’
‘Porque eu não te amei em nenhum momento. Porque eu iludi você e, o pior, iludi-me a mim mesma. ’
Como soara frio e injurioso! O homem de colete de lã empalideceu, os olhos marejaram em lágrimas e as mãos procuraram as dela desesperadamente.
Mas, estas já não estavam lá. A garota de salto alto se levantou, lançando o seu melhor sorriso.
‘Acabou. Espero que penses bem de mim. ’
E virou as costas. Ouviu ainda o barulho de louça a cair em cima de louça, indicando que ele se levantara muito depressa e puxara a toalha.
Desviou das mesas que ela tão bem conhecia. Os olhares de todos voltados para o homem atrapalhado que fizera o barulho todo. A garota de salto alto não olhou para ele, não havia motivo para tanto, apenas pelo fato de não existir nem mais um pingo de prazer.
Parou diante de um balcão e recebeu um olhar espantado do garoto da chapelaria. Não era um espanto qualquer, misturava-se a admiração.
‘Você fez rápido desta vez’, e na ausência de resposta, ‘Não conseguiu extrair nem mais uma gota de contentamento, não é?’
‘Não é. ’
A resposta soara um tanto indignada, mas radiante.
‘Eu não faço isso de propósito! E acho que posso contar para você. ’
O garoto da chapelaria queria ouvir aquela história, pois se sentia inquieto com aquela atitude.
‘Vamos, entre aqui na chapelaria. Isso, assim o seu ex-namorado, ou seja lá como o chama, não vai nos ver. Abaixe-se aqui atrás do balcão, assim. Agora conte, que não caibo em mim de tanta curiosidade. ’
Era a coisa mais banal que se podia ouvir. Só que aconteceu de uma maneira tão brusca que até podia-se entender.
Fora há três anos, um pouco depois de formar-se em letras. A garota lembrava-se do fato de estar muito feliz em ter entrado para um dos maiores jornais do país. O ambiente de trabalho era contagiante, as pessoas muito receptivas e o jovem da sala de correios era simplesmente único! A garota não demorou a perceber os olhares dele. Ficaram naquele jogo romântico e tímido antes do primeiro contato, quando ele surgiu com um envelope para ela.
Que vergonha; era uma carta de sua melhor amiga, daquelas cheias de adesivos e corações. Bem diferente dos envelopes sérios dos seus colegas. Mas, era uma carta, o suficiente para aproximar os dois . O jovem da sala de correios riu com a música do cartão, que parabenizava em notas alegres o novo emprego da garota. Mas, esta não fechou o cartão, apenas respondeu a piada feita pelo jovem.
Bom, aquela conversa levou a um almoço; o primeiro de muitos! E depois a jantares. E depois ainda a baladas... A esta altura, a garota já estava completamente presa aos braços do jovem. Estava completamente cega ao ponto de não perceber o como o jovem se tornava distante.
O amor dele estava a morrer. Só que este não era o único problema, a medida que outro amor nascia. Dá-se uma risada amarga de recordação. A descoberta deste novo amor é que fora tão brusca. A garota foi até a sala de correios e encontrou o jovem arrumando seus pertences numa caixa. Perguntou-lhe o que estava acontecendo. Ele disse simplesmente que estava promovido a assistente pessoal da redatora-chefe. A garota ia parabenizá-lo, quando entrou na sala a dita chefe, abraçou-o por trás e sorriu para a garota. A redatora-chefe perguntou para a garota se ela conhecia seu mais novo namorado. No que a garota apenas assentiu, percebendo finalmente a explicação para os desaparecimentos do seu namorado. Namorado? Ao menos ela achara que sim. Ficou sem palavras perante o olhar inquisitivo da redatora-chefe, não encontrou os olhos do jovem. Então encontrou uma saída, tão óbvia: correu! Correu dali, sem se importar se estaria ridícula. Correu para o elevador, livre dos olhares curiosos de todos. Estes que sabiam da história, entenderiam o seu óbito.
Seu mundo desabara. Ou pelo menos a garota achara que sim. Passara um mês inteiro retraída, cabisbaixa, sem sentido, até que percebeu que estava a tornar-se uma nova mulher: a garota de salto alto. Uma transformação ocorrera; vestira-se bem e começara a questionar o sexo oposto. Decidiu vingar-se de todos os homens, ou pelo menos de tantos quantos poderia vingar-se. E ali estava ela, na sua décima vingança.
‘Nossa’, o garoto da chapelaria queria chorar com a garota de salto alto, mas apenas fungou, ‘eu não sei o que dizer. ’
‘Não diga nada’, a garota de salto alto pediu, a limpar as lágrimas, ‘estas lágrimas são porque eu acho que eu ainda não mudei e porque estes prazeres são muito momentâneos. ’
A esta altura o celular dela tocou e o garoto da chapelaria se levantou para atender um cliente. A garota de salto alto respondeu à próxima vitima. Fora sempre assim, quando ela percebia que ia acabar com um, já começava a armar com outro. Inscrevera-se num daqueles sites de relacionamento, um ponto estratégico onde encontraria em grande parte pessoas solitárias e desesperadas. Ou seja, vítimas fáceis. Procurou o seu casaco de couro e depositou a ficha ao lado do ocupado garoto da chapelaria. Partiu sem ser percebida, pronta para a caçada.
Havia que apressar-se. O novo iludido convidara-a para o casamento de um amigo, e ela tinha que estar impecável. Odiava casamentos, mas este novo iludido estava sempre a sonhar, pelo que parecia.
Primeiro tinha que buscar o vestido no alfaiate. Seria de admirar se ela fosse com um vestido comum naquela festa. Não! Mandara arrumar um vestido especial, queria ficar tão bonita como as madrinhas, pelo menos! O alfaiate acertou as últimas medidas, fixou um último detalhe e pronto, a garota de salto alto já estava a caminho do seu apartamento com um pacote em baixo do braço.
O sonhador iludido ligou mais uma vez, para ver se ela estava pronta e, ao receber uma resposta afirmativa, tocou a campainha. Isso fez com que a garota de salto alto desse um pulo de susto.
‘Você sempre me surpreende!’, foi o que ela disse ao abrir a porta.
E surpreendia mesmo. Era o tipo de homem com o qual ela devia tomar cuidado, o tipo de homem que encantaria qualquer mulher menos preparada. O típico sonhador iludido; com aquele sorriso um tanto quanto tímido, com um romantismo fanático e uma elegância sobrenatural. Deus, como o sonhador iludido era sexy! A garota de salto alto até estranhava o fato de ele estar sozinho. E ali estava ele, completamente entregue a sua ilusão, olhando embasbacado para a visão panorâmica da sua nova namorada, vestida como uma tulipa em lilás claro. Perfeita, com uma tiara de metal brilhante entalhado.
A garota de salto alto sabia o que ele ia dizer, algo como “Você está linda”. Mas não foi o que ele disse.
‘E você me deixa sem palavras, um completo pateta. Eu tropeço na minha própria fala, tamanha sua beleza. Estonteante.’
Um sorriso sincero invadiu o rosto da garota de salto alto. Afastou de imediato o sentimento de carinho por aquele homem, antes que se recordasse de comportar-se como uma garota.
‘Vamos, então?’, eles deram os braços um para o outro e desceram de elevador ate o térreo. Entraram no carro luxuoso do sonhador iludido.
‘Por favor, não estranhe a minha família. Eles estarão em peso naquela festa. São um bando de doidos.’
‘Imagina. Se são teus parentes, não podem ser menos especiais... ’
Ela se calou. O que estava dizendo? Aquilo soara tão bem! O sonhador iludido sorriu confortado. Eram poucas as vezes em que ela dirigia uma frase tão cheia de emoção como aquela. Mas, ele entendia, ela passara por alguns problemas anteriores. Esquecera do nome daquele cara, mas sabia que trabalhavam juntos. O sonhador iludido segurou a mão dela. Céus, como ela tremia!
As palavras do padrinho: Sempre fui muito amigo do noivo e foi por causa dele que conheci a figura inestimável da noiva. Confesso que fiquei com ciúmes a principio, ele começava a me trocar por uma mulher! Mas logo eu descobri que aquele era o melhor para ele. (sorriso) Eu sempre fico feliz em pensar que o noivo está feliz. Felicidade recíproca. Amor recíproco. Eu tenho certeza que eles serão muito plenos juntos. Porque eles se amam, e o amor não pára de se renovar nunca. Parabéns!
As verdadeiras palavras do padrinho traduzidas pela garota de salto alto: Sempre fui muito amigo do noivo, o que não me impediu de transar com a figura apetitosa da noiva. Confesso que fiquei na dúvida a princípio, se devia trair meu melhor amigo ou não. Logo percebi que não ia conseguir lutar com este meu instinto viril e que o noivo nem perceberia esta traição. (sorriso) Eu sempre fico feliz em saber que o noivo não passa de um pateta, assim eu fico feliz em ir pra cama com a noiva. Felicidade recíproca. Ilusão recíproca. Eu tenho certeza que eles serão muito plenos juntos. Porque ele ama a noiva e a noiva finge que ama ele. O amor não deixa de ser uma ilusão, nunca! Parabéns!
A garota de salto alto sentiu o braço morno do sonhador iludido por cima dos ombros e olhou para ele, sendo surpreendida por um beijo. Se o sonhador iludido soubesse da sua tradução, ela sabia que ele não olharia para ela daquela maneira. Tão gentil e doce.
Levantaram-se, incitados pela música alegre, e correram para a pista de dança. Ficaram neste ritmo por alguns minutos, quando a música alegre deu lugar a uma música lenta. Os dois corpos se uniram num abraço gentil. Como era confortável estar entre os braços do sonhador iludido. A garota de salto alto adorava o fato de ele estar sempre morno, a respiração quente. Esquecera por completo da sua vingança, esquecera a sua tradução e por um momento o amor era possível.
Viu-se arrastada pelo sonhador iludido até uma varanda cheia de estátuas neoclássicas. Elas sorriam para o casal risonho, esperavam que o casal consumasse a sua alegria. A garota sabia que não podia enganar as estátuas, estava apaixonada de verdade. Apaixonara-se por uma das vítimas.
Foi então que o sonhador iludido, sempre a sorrir, procurou algo na algibeira do paletó. Conseguiu arrancar um ar de surpresa da garota de salto alto ao abrir uma pequena caixa de veludo negro. A garota de salto alto viu uma aliança ser colocada num dos seus dedos.
‘Você quer passar o resto da sua vida comigo?’, os olhos brilharam mais do que as estrelas lá no céu.
‘Eu... Eu... ’, ela sabia que era muito repentino, uma tentação irreal.
‘Eu sei que é muito repentino, que nós nos conhecemos há apenas algumas semanas. Mas foram as semanas mais incríveis da minha vida! Por favor, eu sei que você me ama assim como eu te amo. E quero que sejamos felizes como os noivos desta festa... ’
Comparação errada. Às vezes os homens são tão burros! A garota de salto alto soltou uma gargalhada escancarada. Não conseguiu contê-la. O sonhador iludido ficou ali, de joelhos perante ela, um ar completamente absorto.
‘Por que você está rindo?’
‘Não nos compare a este casal... Eles não vão ser felizes. Pra começar porque o padrinho transa com a noiva.’
‘O quê?’, o sonhador iludido se levantou incrédulo, ‘ Como você sabe disso? Precisamos contar para o noivo! Eles não podem casar com esta mentira entre eles!’
A garota de salto alto segurou ele pela mão e deu uma risada de leve. Estava assustada com a iniciativa dele. Ele era realmente um homem bom.
‘Não pode ir lá dentro e destruir um casamento. Deixe que eles se entendam... Eu aceito. ’
‘Mas...’, ele parou de se debater, olhou nos olhos da mulher a sua frente e sorriu, ‘Você aceita? Meu Deus! Obrigado! Eu prometo que vou te fazer a mulher mais feliz deste mundo!’
E eles rodopiaram sem sair do lugar, abraçados, a rir tolamente.
‘Eu sei... Eu sei... ’
E a estátua: ‘Nós sabemos também! Uma mentira entre vocês dois...’
A garota de salto alto acordou ao lado do sonhador iludido no dia seguinte. Aquela vingança estava indo longe de mais. Ela precisava acabar com aquilo antes que ela mesma se machucasse. Olhou para a aliança no seu dedo e tentou tirar, mas não conseguiu. A vontade de tirar não era suficiente. Não adiantava, ela amava o sonhador iludido. Ele era único.
Um barulho de nova mensagem do computador do sonhador iludido fez com que a garota de salto alto acordasse dos seus devaneios. Ela ainda beijou a face adormecida do sonhador iludido antes de se dirigir até aquele instrumento de trabalho. Entrou na própria página inicial do site de relacionamentos e levou o cursor sobre o atalho para “deletar perfil”. Apertou. Ainda teve que respirar fundo antes de dizer que tinha certeza que queria excluir o perfil. Não precisava mais dele. Ela ia se casar, meu Deus! Para que continuar procurando prazer no sofrimento de todos aqueles homens?
Sentiu um abraço por trás e levou um susto.
‘Você estava pensando em se inscrever neste site, também?’
Ela riu e fechou a página.
‘Não. Eu só estava apagando um perfil antigo... Vou apagar o do nosso site também.’
‘Você não disse que tinha mais de um perfil’, fez uma pausa, ‘Mas também nem importa... Hei, vamos voltar para a cama? Está cedo ainda...’
‘Eu vou preparar um café. Não estou mais com sono.’
A garota de salto alto não queria mais entender o que se passava, porque ela sabia: amor puro e verdadeiro. O sonhador iludido fora tão sonhador ao ponto de fazê-la se apaixonar! Ela atravessou a rua a balançar as ancas de leve, cuidando para chamar a atenção. Entrou naquele seu antigo templo cheio de flores e folhas verdes.
Lá estava a florista, o sorriso desfazendo-se imediatamente ao reconhecê-la. Mas, a garota de salto alto não se abalou.
‘O de sempre?’, indagou a florista indo procurar as bromélias.
‘Não’, a garota de salto alto sorriu, ‘ Vim encomendar as flores do meu casamento. ’
A florista deu um grito agudo de emoção e um sorriso largo rasgou seu rosto. A garota de salto alto foi surpreendida por um abraço e viu suas próprias bochechas beijadas. Por fim, a florista ficou mais calma e tomou distância.
‘Eu rezei tanto por este dia! Não suportava mais aquela sua história de ficar sozinha e ser a vingadora! Vai mesmo se casar? Não é mais uma vingança tola, não é?’
‘Não, eu estou amando e sendo amada! E quero uns lírios para agora. ’
A florista arranjou os lírios com papel e fitas coloridas, sempre a cantarolar. Depois, a garota de salto alto foi para o restaurante, o de sempre. Encontrou o garoto da chapelaria ocupado, mas logo ele apareceu para atendê-la.
‘Lírios?’
Ele estava surpreso. O sorriso se desfez imediatamente após um segundo. Ele deu a volta no balcão e postou-se em frente à garota, pegando uma das mãos dela.
‘Não faça isso. Não entre no restaurante! Por favor... ’
‘Por quê? Não está na hora de sentir ciúmes, eu finalmente encontrei o homem da minha vida!”
O garoto da chapelaria não disse mais nada, apanhou o casaco dela e desejou um bom apetite. A garota de salto alto andou até a mesa escolhida pelo sonhador iludido, os lírios apertados contra o peito.
Lá estava ele, o sonhador iludido, voltado de costas para ela e fitando a paisagem do parque através da janela. Ela se colocou diante dele e ele imediatamente se levantou ao vê-la. Os olhos dele brilhavam com uma intensidade diferente, quase maléfica. O sorriso da garota de salto alto, por sua vez, desfez-se. Sentiu um arrepio enquanto o seu velho “eu” voltava à tona.
O sonhador iludido estendeu aquelas pétalas belas e assustadoras diante dos olhos da garota de salto alto. Embrulhadas num papel carmim e com uma fita prateada, as bromélias.

segunda-feira, 16 de junho de 2008





"Before Sunset" eh uma continuacao de "Before Sunrise". Dois filmes com uma unica ideia: como o amor pode mudar a vida de duas pessoas. Ou mehlor, duas ideias: e tambem como um amor imenso pode ser construido em apenas um dia.

Em Antes do Nascer do Sol, estes dois jovens se conhecem a bordo de um trem que tem como destino Paris. Os dois jovens, inspirados numa breve loucura adolescente, decidem descer em Viena, onde iniciam uma densa paixao contida, mas avassaladora. Sim, eh assim que eu vejo o amor deles. Mas ambos sabem que serah apenas por um dia, jah que o Jesse vai ter que voltar para a America e a Celine tera de continuar sua vida em Paris. Eles prometem se encontrar dali a seis meses.

Eh aih que entra o segundo filme, quando nove anos se passaram! Jesse lanca um livro que conta a historia desta paixao entre ele e Celine. Celine, por sua vez, aparece numa entrevista dele em Paris. Os dois vao descobrindo a maneira cruel como modificaram a vida um do outro. Jesse, nesta altura casado e com filho, precisa retornar a America antes do Por do Sol. Bom, eu nao sei se ele voltou ou nao, como podem imaginar, o filme nao deixa isso claro. O filme deixa tres possibilidades para tres tipos de telespectadores: aquele que acredita que ele simplesmente ficou com a Celine, aquele que nao tem certeza por causa do filho do Jesse e aquele que tem certeza que por causa do filho do Jesse, ele simplesmente retornou a America.

Eu, sinceramente, achei que ele retornou a America, por causa do filho, mas em compensacao, Celine tambem. Ele se divorcia da esposa e fica com a sua verdadeira amada.

"Before Sunset" eh um romance inspirador. Daqueles que deixam a gente com uma pergunta no ar. Nos simplesmente nao conseguimos explicar o que sentimos. Nao passa de um filme simples, com poucos cenarios, mas os cenarios mais belos em Viena e Paris. Um filme imperdivel, eu realmente fiquei impressionado!


L.J.Becker

sexta-feira, 13 de junho de 2008

FETECO

III FETECO - FESTIVAL DE TEATRO DE COLOMBO
19 a 29 de junho de 2008
Local: Colombo Park Shopping - Rua Dorval Seccon, 664.
(entrada pela Rua São Pedro esquina com São Francisco Xavier em frente a Estrada da Ribeira)
Realização: Departamento de Cultura -
cultura@colombo.pr.gov.br/cultura.colombo@yahoo.com.br
(41) 3656-8041 ou 3656-8042
Promoção: Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes
Prefeitura Municipal de Colombo
Programação
DIA 19 ( Quinta-feira )
19h – Abertura Oficial
19:30h – Pela passagem de uma grande dor(indicado como melhor espetáculo de 2007)
Trabalho baseado em contos do autor gaúcho Caio Fernando de Abreu, a peça “Pela passagem de uma grande dor” aborda o universo do amor à beira de seus limites mais dóceis e desesperadores, trazendo ao público uma sensação de um adocicado conforto.
Autor: Caio Fernando de Abreu
Grupo: Estereótipos Cidade: Curitiba
DIA 20 ( Sexta-feira )
19h - Eu não matei Verônica
Indicação: 16 anos Gênero: tragicômico expressionista
Este monólogo mostra o confronto interior entre duas mulheres, é como um purgatório de vivência e experiência onde uma mulher cria para si uma divisão, falando a si sobre o seu próprio comportamento. O texto trata sobre aceitação pessoal, controle e desespero, trazido nos últimos momentos de sua vida, da qual ela desistiu de continuar. Drama com momentos irônicos e verdadeiros, “Verônica era assim meio manca, traçava um x pela calçada, usava sempre aquela mini saia de preguinhas, fora de moda essa coisa assim preguinhas, o que interessa preguinhas na hora? Sem dúvida surpreende pelo conflito e pela reflexão.
Autor: Abilio Machado de Lima Filho
Grupo: Artemosfera Cia. De Teatro, Bonecos e Mascaras Cidade: Campo Largo
20:30h – Desencantos de fadas
Indicação: 12 anos Gênero: comédia
O espetáculo satiriza o “vivermos felizes para sempre”, existente nos contos de fadas. Com uma visão bem humorada, retrata a vivência cotidiana dos personagens.
Autor: Diego Gianni
Grupo: Grupo de Teatro da Rua da cidadania do Boa Vista Cidade: Curitiba
DIA 21 ( Sábado )
15h - Chapeuzinho vermelho e o Lobo guloso
Indicação: livre Gênero: musical, comédia infantil
Chapeuzinho encontra o lobo guloso pelo caminho e desobedece sua mãe, parando para conversar o mesmo engana fazendo pegar outro caminho e mais tarde todos se encontram na casa da vovó e aí começa uma grande confusão.....
Autor: adaptação Prof. Doli da C. Souza
Grupo: Super Fantástico Cidade: Colombo
16:30h - Se eu morresse amanhã
Indicação: livre Gênero: tragicômico
Você está convidado para o maior velório de sua vida, na história de 4 amigos e um aparelho chamado Death System que prevê a morte. Mas quanto o Death System falha e eles perdem o controle de suas mortes, passam a entender e a viver a vida. “Se eu morresse amanhã” é uma comédia bem humorada que retrata a relação de amizade, vida e é claro a morte.
Autor: Fernando Lira
Grupo: Grupo de Teatro amador “ Nóis na cena” Cidade: Colombo
18:30h - Os palestrantes
Indicação: adulto Gênero: comédia
Não vim aqui enganar ninguém! Não se enganem! Se por acaso estão pensando assim, estão redondamente enganados! Vejam como a vida é engraçada! Dá pra comentar tudo! Do surgimento do homem ao governo do Lula! Venha ser banhado em sabedoria..... irmão ... hihihi ...desculpe”.
Autor: Marcionil Felipe da Silva Júnior
Grupo: Cidade: Colombo
20h - O repouso do Adônis
Indicação: 14 anos Gênero: comédia
A comédia Repouso do Adônis é ambientada em bordel decadente de cidade de pequeno porte do Nordeste do Brasil. Aborda a questão do poder e de seus desdobramentos no universo sócio-cultural-educacional da região. A secular entre dominador e dominado é vista como problema intrinsecamente ligado à educação e à cultura que o homem nordestino recebeu durante a fase da colonização da região, resultando daí na formação de caráter autoritário e conservador.
Autor: Paulo Jorge Dumaresq
Grupo: Os Bacantes Cidade: Colombo
DIA 22 ( Domingo )
14:30h - Sandália amarela remendada com prego
Indicação: livre Gênero: espetáculo de rua
É um composto de exercícios teatrais, poesia e brincadeiras, um verdadeiro jogo no universo de dramatizar a poesia, tendo o clown como dominante. A peça traz poesias fortes e bem escolhidas ao momento em que o país passa.
Autor: Abílio Machado de Lima Filho
Grupo: Artemosfera Cia. de Teatro, Bonecos e Máscaras Cidade: Campo Largo
16h - Mudanças no galinheiro
Indicação: livre Gênero: comédia
Uma lua mandona...um sol gripado... um dragão submisso... e uma grande confusão no céu...uma história onde devemos acreditar em mudanças nas nossas vidas, repleta de muitas risadas, que ensina a compreender o outro lado do seu ser.
Autor: texto de Silvia Ortoff (adaptado por Carin Carvalhaes)
Grupo: Pedro Viriato Cidade: Colombo
17:30h - Requiescat en pace
Indicação: livre Gênero: drama
“Nossa tribo está pouco a pouco sendo dominada por invasores dos mais diversos cantos do mundo...... a cada invasão, somos domesticados à moda de nossos senhores. Esta invasão é critica.... no entanto, constante... e acontece desde os tempos em que éramos conhecidos como brasileiros”.
Autor: Marcionil Felipe da Silva Júnior
Grupo: Cidade: Colombo
19:30h - Chapeuzinho Vermelho
Indicação: livre Gênero: infantil
É a velha história do chapeuzinho vermelho que todos já conhecem, apenas um pouco moderna. Um caçador heróico e atrapalhado. Um lobo mal malandro e cheio de artimanhas. Uma mãe preocupada e dedicada. Uma vovozinha bem divertida e uma menina bondosa e inocente. O grupo de teatro Nova Visão mostra essa velha história de uma maneira divertida e interativa.
Autor: Maria Clara Machado
Grupo: Nova visão Cidade: Colombo
DIA 24 ( Terça-feira )
20h - O rico avarento
Indicação: livre Gênero: comédia
Um homem muito rico porém muito avarento, não ajuda e ainda humilha os pobres que procuram por ele. Por conta disso o diabo vem buscá-lo, mas dá-lhe uma chance de se redimir. Mas como o rico é muito mau, não consegue, e é levado para o inferno pelo canito e suas cabritas pretas.
Autor: Ariano Suassuna
Grupo: Grupo de Teatro Escadaria Cidade: Curitiba
DIA 25 ( Quarta-feira )
19h - Day Bar Day
Indicação: 16 anos Gênero: comédia
Uma trama que narra de modo engraçada e surpreendente o cotidiano de um dono de bar grosseiro e mulherengo e seus clientes extremamente caricatos.
Autor: Ana Lúcia Nicheleb (incluindo duas crônicas de Luís Fernando Veríssimo “Lixo” e “Amor”)
Grupo: Opsis Cidade: Fazenda Rio Grande
20:30h - Òquei !
Indicação: 12 anos Gênero: comédia
Òque i! é um processo colaborativo construído a partir de invenções urbanas, hibridismo estético e interação entre os atores e a realidade social das sexualidade. Com foco de pesquisa nos problemas de gênero, a linguagem utilizada é direcionada para as vertentes da arte contemporânea. A temática engendra-se em situações cotidianas aparentemente normais, mas que sustentam tensões e relações de poder que suturam o óbvio em troca de dominação sexual. Com base em pesquisas de comportamento de gênero, referencias pop e busca imagética, Òquei! É também a carga cultural de cada interprete-criador em diálogo com o momento cênico, articulando assim o conceito de live art.
Autor: Criação Criativa
Grupo: Companhia Transitória Cidade: Curitiba
DIA 26 ( Quinta-feira )
19h - Ploc, a borboleta mais linda que eu já vi
Indicação: livre Gênero: infantil
A história de uma borboleta muito bonita, que está sendo caçada por dois caçadores muito atrapalhados que vivem arrumando confusão. Ploc é uma borboleta que não consegue se comunicar socialmente pois fala tudo errado e em forma de gírias. Ela tem o sonho de se casar com um membro da família real, o Louva-Deus, mas ela sabe que não tem chance de ficar com seu príncipe encantado. Mas muitas surpresas irão acontecer.
Autor: Roberto Villani
Grupo: Os barõezinhos Cidade: Colombo
20:30h - Cinderela Tropical
Indicação: livre Gênero: infantil
Baseada no conto de fadas Cinderela, onde quem manda é a Cinderela sendo que todas brigam pelo mesmo objetivo: o amor do Príncipe Felipe. Mas no final todas acabam encontrando seu príncipe encantado.
Autor: Sergio Buch
Grupo: Grupo Destaque Cidade: Pinhais
DIA 27 ( Sexta-feira )
19h - Quebra-a-cabeça
Indicação: 14 anos Gênero: contemporâneo
“Quebra-a-cabeça” é uma peça que mescla a comédia e o drama desafiando o público a refletir sobre questões sociais e comportamentais. Este espetáculo é composto por três episódios que acontecem em tempos e espaços diferentes, porém muito bem amarrados uns aos outros, formando um enredo intrigante e emocionante. Crianças brincando num cenário bucólico, uma faxineira subvertendo a lógica de um conto de fadas, a relação de amor e ódio entre dois irmãos, são situações aparentemente cotidianas, mas que escondem segredos e surpresas para o público, que é chamado a reflexão.
Autor: Pedro Ganesh
Grupo: Atormente Cidade: Curitiba
20:30h - Todos querem ser Jhony Valentine...
Indicação: 16 anos Gênero: comédia
Beleza, inteligência e status. Assim é Jhony Valentine, ícone humano, exemplo para homens e mulheres, adultos e crianças. Venha aprender a ser perfeito como ele, nessa comédia onde o público faz parte do espetáculo. Venha saber como é ser único e inigualável. Venha aprender a ser Jhony Valentine.
Autor: Jackson dos Anjos
Grupo: Cia. De Pesquisa Teatral “ Achados” Cidade: Colombo
DIA 28 ( Sábado )
14h - Felicidade não tem cor
Indicação: infanto-juvenil Gênero: infantil
A peça foi criada baseada na obra do escritor Julio Emilio Braz, onde o autor descreve uma história comovente sobre o racismo. Tendo assim essa fonte de inspiração como base, a peça em seu contexto apresenta uma história que se passa em uma sala de brinquedos, onde bonecas de panos ganham vida para acabar com dois vilões que desejam contaminar uma escola com preconceito e discriminação, tendo um contexto de humor para que a conscientização dos espectadores seja a melhor possível.
Autor: Cristino Lemos
Grupo: Grupo faces Cidade: Fazenda Rio Grande
15:30 - Maria +João em João e Maria
Indicação: infantil Gênero: infantil
Uma peça com cunho educativo que promete uma adaptação diferente do clássico, abusando da criatividade e do faz de conta. A história gira em torna das aventuras de Maria e João, duas crianças que se envolvem no conto João e Maria. No palco, seres engraçados da floresta encantada se misturam com as trapalhadas Bruxas em brincadeiras, como pega-pega e pula corda.
Autor: Carine Xavier
Grupo: Faz de Conta Cidade: Curitiba
17h - Circo dos Clowns
Indicação: livre Gênero: comédia
Durante a ausência dos demais integrantes da troupe circense os palhaços resolvem experimentar as outras áreas, cria-se então uma grande confusão, onde vemos mágicos atrapalhados, atiradores de faca invisíveis, uma disputa de apresentadores e muito mais. E mesmo, com suas trapalhadas os clowns conseguem apresentar um espetáculo emocionante.
Autor: Luciano Oro
Grupo: Troupe D’ Lala Cidade: Curitiba
19h - Enquanto Bela dormia...
Indicação: livre Gênero: infantil
Era uma vez uma bela princesa que, por causa de uma feitiço, dormiu... é isso que conta a história “A Bela adormecida”, mas o que ela não conta é que aconteceu enquanto Bela dormia. Com base nesse clássico da literatura, o Grupo Knastra de Teatro retrata o que, até então, somente a princesa conhecia: os seus sonhos.
Autor: O Grupo
Grupo: Grupo Knastra de Teatro Cidade: Guarapuava
20:30h - Cordel do amor traído
Indicação: livre Gênero: comédia
“Cordel do amor traído”, retrata as agruras de três homens com diferentes temperamentos, que são traídos por suas mulheres. Os três contam suas tristes histórias de casamento. Tudo muito colorido e alegre, seguindo a tradição do teatro popular.
Autor: José João dos Santos
Grupo: Animatheia Cidade: Lapa
DIA 29 ( Domingo )
15:30h - Jardim encantado
Indicação: infantil Gênero:
As bruxas Leca Meleca e a Bruxela querem destruir o Jardim de Izabela com uma porção mágica. A menina então recebe ajuda para solucionar o problema. A produção tem cunho educativo, marcados por alunos atores mirins, que surgiu de cenas improvisadas com intervenções dirigidas.
Autor: Carine Xavier
Grupo: Grupo de Teatro Piá no Palco Cidade: Pinhais
17h - Chão de estrelas
Indicação: livre Gênero: infantil
Conta de forma lúdica e envolvente a história do amor da Lua pelo Sol; e do amor do Poeta pela Lua; e do amor de Luana pelo Poeta; e do amor do Sol por si mesmo e pelo seu trabalho; e do amor da Estrela Estela e da Estrela Xoxa pelo Cometa e por fazer trapalhadas; e do amor do Cometa por todas as estrelas do céu.
Autor: Claudia Jankowski
Grupo: Enloucrescida Troupe Cidade: Araucária
19h - Planejamento Familiar
Indicação: 14 anos Gênero: comédia
Uma polemica gerada por questões de cunho social é o mote desta comédia. Ao se ver em apuros por causa do sustento de sua numerosa família, um homem resolve exterminar a fonte de seus problemas: matar o padre que aconselha a não usar os métodos de prevenção à gravidez.
Autor: João Bethencourt
Nome do grupo: Grupo Volátil de Teatro UNINTER Cidade: Curitiba

UM PEQUENO PROBLEMA SOCIAL

O meu problema eh que conheci pessoas de mais. O que devia servir para eu ser mais sociavel, acaba por servir para que todos pensem que sou "tolinho". Mas, que culpa tenho eu se no mundo ha dois tipos de pessoa: Alguem diferente e outras tantas copias identicas!
A minha esperanca - ou seja, aquilo que me mantem firme ao ato de conhecer - eh que no meio dessas tantas copias descaradas eu encontre a percentagem de alguns diferentes.
Soh lamento, portanto, pelo fato de poder contar nos dedos das maos estes "extraterrestres". "Quantos mais?", eu pergunto, "Quantos mais terei de conhecer para ter de usar os dedos dos pes tambem?" Impossivel dizer ao certo, em vista da probabilidade. Calculo pelo qual tenho muito desapreco, vou logo avisando.
O que me faz temeroso eh o pensamento de que eu mesmo posso nem ser tao diferente assim. talvez alguem que esteja contando nos dedos as pessoas diferentes que conhece, simplesmente nao me coloque nesse seleto grupo.
Uma coisa eh certa. Igual a todos os outros eu nao sou. E eh por isso que eu vou ser redundante. Existe a possibilidade de eu ser simplesmente "tolinho das ideias".
Nao se admire pelo que aqui foi escrito, nem se espante. Foram apenas palavras de desabafo, tao "diarias" a este tolinho".
Jah dizia Alfred Hitchcock, "se a ideia eh boa, jogue a logica pela janela".

in Breve desabafo anti-social
(2008- um ano de poucas esperancas)
P.S.: Jah eh meio do ano e apenas um extraterrestre apareceu.