segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ah! Dúvida! Dúvida, como te confundo com medo e sofrimento? Tu, que és tão diferente. Dúvida que cresce tal bolo com fermento em meu pensamento. Ah! Duvido! Duvido do fundo de minha íntegra alma, conquistar teu coração a contento, Este, duvido tenha a certeza alva e pura de tal sentimento obscuro e obsoleto. Ah, Dívida! Dívida ínfima de quem procura respostas em gestos constantes e incompletos, Dívida posta pois dito que quem ama jura com paixão e afeto! Poema do Amante Duvidoso L.J.Becker

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Apagam-se as Estrelas

As estrelas nunca estiveram tão distantes.
De A a Z, nesse infinito código de anos-luz,
Nunca houve tanta falta do brilho das estrelas.
Nunca houve tanta frieza nesta alma.
De Alfa a Zeta, nesta progênese das nossas letras,
Nunca houve tantas lágrimas num coração que nunca foi tão oco.
Cometas derramam suas faiscas nesse céu, nunca tão profundo.
Anunciam qualquer coisa para além das caretas da morte.
Cometas anunciando fagulhas de esperança.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Desabafo Poético


A lágrima embutida na face
dum jovem e amante escritor,
só não constrange mais que o desejo vil de tal ator
este que movido por uma paixão antiga dá-se _
_ e ainda mal-resolvida faz-se
o direito egoista de n'outro causar tamanha dor...

Exala desses corpos doces um quê de calor
furioso, medonho, veneno capaz d'alma afogar
em prantos nervosos de ciúmes nesse desenlace,
faz desta vida salgada, incapaz de amar e cala-se!

Acontece que deste mal já viveu tal autor,
e o corpo todo exausto nesta dor esvai-se
sofrido, aturdido, destruido, o pobre amor...
Pois morre o coração traído e renasce
Tal qual criança mimada, ferida - e cresce!


in Desabafos Poéticos de L. J. Becker
Imagem de www.amordobrado.blogspot.com

domingo, 15 de maio de 2011

Acaso


Ele chegou na estação de trem naquela parte do dia em que o Sol deixa tudo alaranjado na sua despedida.
Maleta na mão, chapéu na outra, um bilhete segurado com o auxílio da boca, tentava encontrar o aparelho de celular na algibeira do sobretudo. Foi quando, atropelado por uma mulher que tirava fotografias do horizonte belo de vinhedos ao pôr-do-sol, deixou cair todos seus apetrechos.
- Desculpe.
Ambos se abaixaram e, na casualidade daquele momento vago em que os dois olhos se encaram, apaixonaram-se.
Levantaram segurando o mesmo aparelho de celular semi-desmontado.
- Aqui.. - ela entregou-lhe a câmera fotográfica e pegou o aparelho dele - Vou consertar pra você.
Montou o aparelho celular e fizeram as trocas.
- Você fotografa. - ele disse como que para puxar assunto.
- E você carrega um chapéu, uma maleta e um celular e mastiga bilhetes de trem.
Ele riu.
- Tirei uma foto sua. - ela continuou.
- Posso vê-la?
- Só no meu estúdio.
Ele analisou a questão. Encararam-se. Ambos sorriam.
Os trens chegaram ao mesmo tempo, iam em direção opostas.
Ele e ela também.
Olharam para os bilhetes na mão um do outro.
Por instantes nada disseram.
O auxiliar de bordo gritava para que os passageiros subissem nas locomotivas.
- Quer saber... - ele puxou-a para o banco vazio da plataforma - Vamos ficar um pouco aqui.
- E depois eu lhe mostro a fotografia.
- E depois eu lhe conto da minha paixão.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Anjos, estrelas e beijos


Que o dia queria beijar a noite, isso nao era misterio! Senao, a noite nao teria de fugir do dia todos os finais de tarde.
Do mesmo modo que o Rapaz Que Sonhava Demais.
Ele fazia uma figura bela e solitaria. Recortado pela luz do crepusculo, ele corria na sua bicicleta e com asas compridas e brilhantes; asas que ele mesmo confeccionara num desses lapsos de sonhador; asas que lhe faziam parecer um anjo.
- Mas voce por acaso ja viu um anjo? - a Mama perguntara.
Jamais. Mas tambem nao tinha importancia porque uma coisa era certa sobre os anjos: eles deviam ser criaturas belissimas.
-Pra mim ele parece um anjo. - insistira a meninita a discordar da Mama.
O Rapaz Que Sonhava Demais avancava em direcao a ele, indiferente ao vento que lhe fustigava o rosto; jamais indiferente ao brilho das estrelas que lhe incendiavam os olhos.
O sorriso dela era como as estrelas, jamais se apagava - e era tao bonito quanto.
Temia apagar aquelas estrelas todas com a sua respiracao. E no entanto, pedalar naquela velocidade era quase apagar com um sopro aquelas danadinhas...
Mas, voltando sobre o beijo que o dia quer roubar da noite... Lembram?
O Rapaz Que Sonhava Demais pedalou, deixando rastros de asas angelicais pelo ar, e chegou rapido na casa Dela. Recebeu aquele sorriso brilhante como a luz das estrelas e, asas nas costas e coracao acelerado no peito, beijou-a!
E por um momento, durante aquele beijo, a Dia teve esperancas de beijar a noite!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Acalento


Estava contrariada.
Sentia-se bem na casa dele, onde devia sentir-se no mínimo acanhada. E na sua própria casa, onde devia estar bem, Arwen sentia um desconforto imensurável.
Era pisar naquela casa antiga que todos os tremores excessivos em seu corpo se faziam presentes e todos os monstros na sua cabeça tomavam forma, bem como aquele irritante caroço que entalava em sua garganta.
A mãe que ela tanto amava, logo ao vê-la irromper na sala com sua mala de mão, já começou as indagações...
- Onde estava? O que escondes? Não consegues aceitar tua falta de sorte mesmo, não é? – entre outras tantas críticas e objeções mal-disfarçadas em cada pergunta .
Para a sentença derradeira:
- E por que você não fala comigo?
A Excessiva ficava parada, de mala na mão, sem saber como dizer o que sentia; que acima de tudo estava um pouco exausta da vida; mas que sentia-se fraca e mal-amada, presa e sozinha, por causa da falta de afeto da sua própria progenitora. Na verdade irira mais longe – tinha provas mais que suficientes para encarar um júri popular pronto para declarar sua mãe culpada por arruinar os sonhos dela de iniciar na arquitetura. E o pior! De insitar a própria filha a desistir do seu sonhos de ser, quiçá um dia, uma escritora conhecida!
Mas a Arwen não disse nada disso. Estar ali, de frente para a sua mãe, sentindo vergonha, já era difícil o bastante.
- Você nunca tem nada a dizer!
A mãe bebeu de uma só vez o copo de wyskie.
Excessivamente fraca e cheia de lágrimas, Arwen segurou firme a sua mala e saiu pela porta da qual acabara de entrar.
- Sua vagabunda! Vai dormir fora outra vez?
Aquelas palavras ecoaram na rua escura. Arwen correu. Enquanto avançava, o vento forte secava as suas lágrimas.
Exausta, chegou à casa dele. Como explicar a sensação de estar protegida? De estar amada, fortificada... Só de pisar naquela soleira, só de vê-lo abrir a porta.
Havia um sábio que, sem excessividades, murmurava:
“Lar é onde está o coração.”



L.J. Becker

sábado, 18 de dezembro de 2010

Desejo ao Avesso


Aquele corpo sob a luz da lua,
Coberto por uma almofada, dando-me uma espera crua,
Lembrando o pecador de por a boca na tua,
De tocar os lábios na ternura,
De rebolar os quadris tal amante que jura
Que o inicio de perdição seria tua pele nua,
Que a espera me da desejosa paixão, que eh pura...
Visto que desejo de amante eh mesmo isso e perpetua.